No dia 09/08/11, a Polícia Federal prendeu 38 pessoas acusadas de desvio de dinheiro público, num esquema montado por funcionários do Ministério do Turismo e outras pessoas, por meio de fraudes, não realização de licitações, etc.
O fato foi amplamente divulgado pela imprensa escrita, falada e televisada, inclusive mostrando imagens dos presos algemados. Não demorou muitas horas para que muitos políticos se pronunciassem. Muitos Deputados Federais e Senadores fizeram inflamados discursos das tribunas das respectivas casas legislativas, e também em entrevistas. O Ministro da Justiça tratou logo de manifestar-se, e, lógico, como não poderia deixar de ser, a Presidenta Dilma Roussef também se mostrou muito indignada.
Contudo, meus amigos leitores, se vocês acham que as manifestações, os discursos e indignações foram em razão do desvio de dinheiro público e da corrupção que assola este país, se enganaram. Muitos políticos e autoridades, dentre elas a Presidenta, ficaram indignados pelo fato da Polícia Federal ter algemado aqueles “dignos” e “distintos” criminosos. Isso realmente chocou e deixou indignadas nossas autoridades. Criminosos eles são porque desviaram dinheiro público, e essa conduta é tipificada como crime. Não são criminosos de cor escura e mal cheirosos como a maioria dos que são presos e algemados, mas cheirosos ou não, usando ternos, possuindo carros novos e morando em belas casas são igualmente criminosos. O uso de algemas é procedimento policial padrão em todo o mundo, para segurança dos policiais, de terceiros, e do próprio criminoso, independente da classe social a que este esteja inserido. Isto é questão de igualdade e justiça. Mas no Brasil é diferente. Aqui os policiais que algemam alguém devem justificar a necessidade desta medida no histórico da acorrência ou através do preenchimento de um auto de algemação, e devem se basear no risco de resistência e de fuga. Não vou me aprofundar nesta polêmica questão da algemação, mas quero levá-los à reflexão sobre o que nos leva à indignação, ao repúdio, ao escárnio. O povo brasileiro, composto por homens e mulheres honrados, se indignou com o desvio do dinheiro público, com a corrupção. Já aqueles que deveriam usar as tribunas, microfones e a mídia em geral, para repudiarem os desvios e as corrupções, repudiaram os policiais federais, homens de bem, pais de famílias, defensores da sociedade. Os criminosos viraram “pobres coitados” que foram humilhados sendo algemados, e os policiais viraram bandidos, e correm o risco de serem punidos, como quer o Ministro da Justiça. Haja inversão de valores.
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