domingo, 4 de setembro de 2011

OUÇA SEU FILHO...



Dias atrás um pai me procurou na Delegacia e narrou-me uma conduta praticada pelo filho adolescente, em sala de aula, que teria causado grandes transtornos a este, que estava prestes a ser expulso do educandário, e constrangimentos à família. Coloquei-me à disposição daquele pai oferecendo-me para ter uma conversa com o adolescente. Não como homem da lei, mas como conselheiro, valendo-me da sabedoria de pai, amigo, professor, e óbvio, da experiência profissional  de anos. Antes, porém, fui ao colégio e conversei com a diretora, que depois de expor tudo que tinha anotado sobre o tal aluno, o resumiu como um “adolescente problemático”. No dia e hora agendados, assentaram à minha frente o adolescente, pai e mãe. Quando fiz a primeira pergunta ao rapaz, o pai antecipou-se a responder, e foi grosseiramente advertido pelo filho, que disse que se levantaria e iria embora. Em seguida aquele jovem me disse que já havia alertado ao pai em casa que não o interrompesse quando estivesse falando com o delegado. O constrangimento na sala foi inegável, e estava evidente que havia um problema sério de comunicação entre pai e filho. Pedi aos pais que se retirassem da sala e fiquei só com o adolescente. Que, aliás, pelos cabelos e vestimentas, tinha um estereótipo  de...de...de...de adolescente, e tão somente. Comecei pedindo a ele que me falasse da sua vida . O que gostava de fazer no dia a dia, sua relação com os colegas de aula, amizades, prazeres, sonhos, objetivos, etc. Após, calei-me e tão somente o ouvi falar. Ele se soltava à medida que ia confiando em mim, e parecia estar gostando de me contar as coisas,  e falava de sua vida com entusiasmo. Contou-me seus sonhos e objetivos. Falou-me com maturidade o que pensa sobre drogas, sua pretensão de não usá-las, e lamentou o fato de alguns amigos usarem. Irritou-se somente quando perguntei como era o relacionamento dele com o pai, e disse que este nunca o deixa falar. Que o pai é autoritário e impõe sua vontade sem nunca deixá-lo argumentar, justificar, e mostrar suas próprias idéias e vontades. Enfim, ele concluiu dizendo que o pai não fazia o que eu estava fazendo, que era ouví-lo. Depois de uma hora de conversa o dispensei e chamei o pai . Quando tentei contar-lhe um pouco da conversa que tive com seu filho, este pai me interrompia o tempo todo, e não me deixava falar, ao ponto de deixar-me irritado. Então, rispidamente, eu disse àquele pai que o filho dele tinha razão, ele não sabia ouvir o filho. Diante do cenário familiar que se desenhou à minha frente, percebi que as atitudes rebeldes do adolescente eram, provavelmente,  para chamar a atenção. Aquele adolescente só precisava de um pai amigo que soubesse ouví-lo.  Nunca subestime seu filho criança ou adolescente. Seja um bom ouvinte para depois ser um bom conselheiro. Demonstre amor com gestos físicos, com elogios, com incentivos para as boas coisas. Discipline com autoridade e não com autoritarismo. Seu filho, mesmo sendo da geração tecnológica, quer ter um pai herói e amigo. 

Um comentário:

Anônimo disse...

o senhor esta de parabens, pelas palavras que li aqui.
a partir de hoje conversarei mais com meu filho
muito obrigado
andre luis