sábado, 10 de setembro de 2011

PROFESSORA AGREDIDA POR ALUNO...


“Professora agredida por aluno manifesta amor à profissão e diz que não desiste do magistério”.   “Entendi o gesto dele como um pedido de ajuda, de socorro. Meu sentimento foi de impotência. Mas tem que haver punição”.   Esta frase foi dita pela diretora de uma escola municipal da cidade de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, depois de ter sido empurrada, ameaçada,  e chutada por um aluno de 15 anos, no corredor das salas de aula, quando ela tentava convencê-lo a entrar para a sala de aula, no dia 25/08/11. Esse fato foi exaustivamente exposto mela mídia nacional, obviamente focado na conduta reprovável do adolescente. Meses atrás atendi, lá na Delegacia, uma diretora de uma escola municipal aqui de Lavras, que narrou-me os problemas que ela e as professoras estavam  enfrentando com um aluno muito problemático, salvo engano de 11 anos de idade. No longo histórico negativo do aluno, apresentado pela diretora, lembro-me dela ter dito que ele era mal educado, desobediente, falava alto e muitas vezes gritava, desbocado,  falava muitos palavrões, e perturbava os outros alunos. Óbvio que aquela diretora queria uma solução, e os prezados leitores até já imaginam qual seria. Quem pensou em livrar-se do aluno acertou. A solução mais rápida seria a transferência do aluno para outra escola, e foi esse apoio  que a diretora me solicitou, ou seja, que eu convencesse a mãe e avó da criança a pedirem a transferência dela. Como sempre me coloco à disposição para mediação de conflitos, chamei a avó do aluno. Esta, com lágrimas nos olhos me disse: “ o meu neto é um problema naquela escola e será em qualquer outra, porque o pai tá preso e nunca lhe deu carinho, amor, e nem exemplo. A mãe está cheia de problemas de saúde, nunca teve uma vida regrada, teve vários filhos com homens diferentes, não o criou e nem o educou. Eu como avó tenho que trabalhar para sustentar vários netos, para que pelo menos não falte a eles o arroz com feijão”. Todos nós conhecemos bem aquela máxima de que “educação vem de berço”. Aí eu pergunto, essa criança teve berço? Como esperar de uma criança criada num contesto desse, sem orientação familiar, sem alguém que lhe ensinasse valores, princípios e  limites, que lhe ensinasse a importância e necessidade dos estudos como meio de alcançar um futuro próspero, ou menos sofrido,um comportamento exemplar? Como esperar e exigir que uma criança dessa seja educada, respeitadora, gentil, estudiosa, e que não dê trabalho algum às professoras e diretora? Como simplesmente exigir educação de quem não a recebeu? Como exigir respeito de quem não teve? Como exigir gentileza de quem só apanhou da vida? Descarte não é solução, mas agravamento do problema. Entendo que essas crianças precisam ser acolhidas pelas escolas de forma diferenciada. Não se pode apenas exigir que se comportem como as outras. Por quê não oferecer a elas, no ambiente escolar, orientação psicológica, social, e até religiosa? As professoras e diretoras não poderiam ser capacitadas para lidar com esses alunos “problemas”? Enfim, acho que a educação tem muito o que melhorar.

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